quarta-feira, 20 de junho de 2012

Era uma vez...

ERA UMA VEZ                    
Era uma vez um coração solitário
Que nas folhas de um diário
Escondia a solidão
Sofria calado, triste, desolado.
Sonhando sempre acordado
Buscando uma emoção

Os dias sempre tão longos
Parecia uma eternidade
O coração tão carente
Buscava companheirismo, amor e fraternidade.
Alguém que desse atenção.
Estendesse a sua mão, carente ate de amizade.

O seu único companheiro
Seu confidente constante escutava e calava
Era, um pardo papel.
 De um pequeno diário
Frio, mudo, desbotado.
Mas assistente fiel.

Nas horas vagas da escola
Nos intervalos de aulas
Ate em algumas viagens
Com frequência acompanhava
Ele era, sempre “ouvidos”
Parece que compreendia
Pois nunca ele contestava

Ele ainda foi também companheiro de aventura
Nas asas da imaginação
Percorria vários mundos
E fazia travessuras
E de volta a realidade
Em noites tristes e sombrias
Sempre se fez companhia
Provendo a sua amizade

Muitas vezes suas letras
Com manchas e com rasuras
Pois o pranto derramado
Por um coração de amargura
Sem amigos e sem carinho
Vivendo sempre sozinho
Tendo na escrita um refugio
E no diário um amigo confidente
Desprovido de ternura.

Ate hoje o papel
Ainda faz companhia
 Em dias de pleno verão
Ou nas madrugadas frias
Acolhe os desabafos, assimila as alegrias.
Escuta todos os segredos
Com imensa descrição

Se você não tem amigos
Tente essa sugestão
Pegue um papel e um lápis
E faça sua confissão
E nas paginas de um diário
Ou de um caderno qualquer
Desabafe, solte o verbo.
Fale tudo que quiser
Assim se tem companhia
Ameniza a inquietação, diminui a nostalgia.
Abranda o coração
A vida ganha sentido
Mande embora a solidão.

             Patrícia Costa

terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos namorados

Dia dos Namorados...

Felizes são aqueles que na vida encontraram sua outra metade, seu complemento, o encaixe perfeito para montar o quebra cabeça de sua realização emocional. Hoje o amor é visto como um sentimento banalizado e sem importância. Trocar de companhia amorosa é tão comum que namorar já é tido como um relacionamento antiquado, fora de moda; a onda do momento é ficar, quase já não existe o sentimento de companheirismo, amizade e compreensão entre os casais. A relação atual dura o tempo da balada, as horas do show, o dia de sol na praia ou a hora de um passeio informal.
Retrato de famílias desestruturadas, casamentos que acabam antes de começar, crianças ao relento do infortúnio de pais sem um mínimo de senso de responsabilidade e muitas pessoas solitárias por medo de saber amar e estar à margem da sociedade moderna, por não seguir os moldes que a mídia e a juventude ficante lhes impõe.
Cadê as cartas de amor, os poemas escritos a mão, as serenatas, as declarações ao luar, os passeios de mãos dadas como se flutuasse em nuvens? Romantismo? Essa palavra ainda deveria ser imprescindível na vida a dois! Mas as declarações de amor de Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Elis Regina entre outros cantores foram trocadas por letras intransigentes que denigrem a imagem pura e divina do verdadeiro amor.
Prefiro ser retrógada a partilhar dessa era de anti-romantismo, na qual se tem dez flertes numa noite, centenas de beijos numa festa, e no outro dia se está absorto numa solidão fria e cruel, prefiro ser careta, a me moldar a essas inovações capengas expostas nas telenovelas sem escrúpulos e sem noção do que se é um namoro, um início para a construção de uma base familiar, antes ser cafona do que compactuar com essa logística impensante de brincar de se relacionar. Pessoas não são marionetes nem objetos descartáveis que se usa e se esquece num canto qualquer; avante a valorização humana e do seu sentimento mais sublime O AMOR. E que esse dia dos namorados ainda encontre muitas pessoas que reconheçam o sentido de um relacionamento. E que as verdadeiras emoções vençam a modernidade desprovida de sentimentos. Oxalá exalte o AMOR.
                    Patrícia Costa